sexta-feira, 20 de junho de 2008

Alongamentos


Um lugar secreto, dentro de mim.
Uma tatuagem, para preencher um espaço vazio. Um novo sentido, uma nova matiz na mesma fotografia de sempre, velha dos anos e dos usos.
Sorrisos, abraços. Os olhos vermelhos de choro. Gritos, cicatrizes, sinais. Abrir a janela como se hoje o mundo fosse novo outra vez. Espreguiçar a alma.

sexta-feira, 6 de junho de 2008

Anosognosia

Planeio o apocalipse. Sento-me quieta e fecho-me na cápsula. Pinto o mundo lá fora de preto, porque não quero olhar para os rostos que passam. Não quero sentir outras dores, não quero vislumbrar outras preocupações. Não quero outras lágrimas que não as minhas. Quero o silêncio absoluto, para me poder deixar embalar pela batida descompassada do meu coração.

Não quero mais explicações. Quero a água a escaldar, a cair como agulhas na minha pele nua, a libertar-me de mim, das amarras disto que sou hoje. Como se, no fim, ficasse só uma concha, pálida, polida, que tu encostasses ao ouvido. E ouvisses, num suspiro profundo e quente, uma canção, para ti.