sábado, 6 de maio de 2006

Sobre os nomes das coisas

Há algum tempo atrás dediquei-me a um diálogo sobre a importância dos nomes das coisas. Será que a identidade das pessoas, dos objectos, dos fenómenos se altera conforme a designação oral/escrita que lhes atribuímos e se torna mais ou menos socialmente aceite?
Seria eu outra pessoa se me tivessem dado outro nome? Fará sentido falar-se sobre o significado dos nomes?
O que são as coisas sem os nomes? Existirão realidades onde as palavras não façam sentido e as coisas se valham por si mesmas?
Enfim... Penso muito sobre isto e, quanto mais penso, mais acho que as coisas também são os seus nomes. Quantos e quantas de nós não terão já dado por si a verem-se retratados/as num estudo sobre o significado do seu nome? Quem conseguirá ainda projectar na sua mente um qualquer objecto/fenómeno/pessoa sem lhe associar imediatamente determinada designação e não outra?
Fará sentido achar que atribuir a determinada realidade uma outra designação altera a sua essência? Penso que esta reflexão faz especialmente sentido quando se fala daquilo que comumente se designa "masculino universal neutro".
Fará sentido abordar os elementos de uma turma como "os alunos" quando estamos perante uma plateia composta em 90% por mulheres? Fará sentido utilizar designações como "os sociólogos", "os psicólogos" e outras que tais, quando está mais do que provado que a população estudantil e profissional na área das Ciências Sociais e Humanas é maioritariamente (uma maioria ampla...) composta por mulheres?
Quem designou que o masculino seria "universal" e "neutro"? Haverá alguma neutralidade nesta decisão, como em tantas outras escolhas?...

1 comentário:

Nilson Barcelli disse...

Olá
Estás a começar este blogue mas fizeste-o muito bem.
"Narrativa do Corpo" é um excelente poema e este texto coloca interrogações interessantes, às quais eu nem me atrevo a responder.
Parabéns. Continua.